terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Chega de humildade

"Amigos, a humildade acaba aqui. Desde ontem o Fluminense é o campeão da cidade. No maior Fla-Flu de todos os tempos, o tricolor conquistou a sua mais bela vitória. E foi também o grande dia do Estádio Mário Filho. A massa “pó-de-arroz” teve o sentimento do triunfo. Aconteceu, então, o seguinte: — vivos e mortos subiram as rampas. Os vivos saíram de suas casas e os mortos de suas tumbas. E, diante da platéia colossal, Fluminense e Flamengo fizeram uma dessas partidas imortais.
Daqui a duzentos anos a cidade dirá, mordida de nostalgia: — “Aquele Fla-Flu!”. Ah, quem não esteve ontem no Estádio Mário Filho não viveu. E o Fluminense fez uma exibição perfeita, irretocável. Lutou com a alma indomável do campeão. Ninguém conquista o título num único dia, numa única tarde. Não. Um título é todo sangue, todo suor e todo lágrimas de um campeonato inteiro.

Acreditem: — o Fluminense começou a ser campeão muito antes. Sim, quando saiu do caos para a liderança. “Do caos para a liderança”, repito, foi a nossa viagem maravilhosa. Lembro-me do primeiro domingo em que ficamos sozinhos na ponta. As esquinas e os botecos faziam a piada cruel: — “Líder por uma semana”. Daí para a frente, o Fluminense era sempre o líder por uma semana.

Olhem para trás. Da rodada inaugural até ontem, não houve time mais regular, mais constante, de uma batida mais harmoniosa. Mas foi engraçado: — por muito tempo, ninguém acreditou no Fluminense, ninguém. Um dia, Flávio veio de São Paulo. Era o ponta-de-lança mais esperado que um Moisés. Queríamos um goleador. E nunca mais se interrompeu a ascensão para o título.

O curioso é que, há muito tempo, aqui mesmo desta coluna, fez-se o vaticínio de que o campeonato teria a sua decisão num Fla-Flu. Foram autores de tal profecia, primeiro, o Celso Bulhões da Fonseca; em seguida, o Carlinhos Niemeyer, um e outro rubro-negros. O que ambos não sabiam é que já estava escrito há 6 mil anos que o campeão seria o Fluminense. E vou citar um outro oráculo: o Haroldo Barbosa. Quando o tricolor parecia uma piada, o bom Haroldo piscou o olho para o Marcello Soares de Moura: — “Este é o ano do Fluminense!”. E do seu olhar vazava luz.

E mais: — na sexta-feira, o presidente do Fluminense, Francisco Lapport, convidou para um almoço, em sua residência, a mim, ao Marcello Soares de Moura e ao Carlinhos Nasser. Ainda na mesa, e antes do cafezinho, baixou-nos o sentimento profético do título. Amigos, o que se viu ontem no Estádio Mário Filho foi espantoso. Primeiro, a tempestade de bandeiras, de pó-de-arroz, os pombos tricolores e rubro-negros.

E que formidável partida! Houve, durante noventa minutos, um suspense mortal. O Fluminense fez o primeiro gol e o Flamengo empatou. O Fluminense fez o segundo e o Flamengo mais uma vez empata. Duzentas mil pessoas atônitas morriam nas arquibancadas, gerais e cadeiras. E foi preciso que Flávio, o goleador do Fluminense, o goleador do campeonato, marcasse aquele que seria o gol da vitória, da doce e santa vitória. E o rubro-negro não empatou mais, nunca mais. Era a vitória, era o título.

Agora a pergunta: — e o personagem da semana? Podia ser Cláudio, que fez uma exibição magistral e, inclusive, um gol. Podia ser Denílson, que volta a ser o “Rei Zulu” e um dos maiores jogadores brasileiros de defesa. Penso também em Galhardo, que, a princípio nervosíssimo, teve intervenções sensacionais. Podia ser também Telê, que, sóbrio, modesto, trouxe a equipe do caos para o título. Mas entendo que desta vez o personagem deve ser o time. Do goleiro ao ponta-esquerda. Todos, todos mostraram uma alma, uma paixão, um ímpeto inexcedíveis.

Pelo amor de Deus, não me venham dizer que, no segundo tempo, o Flamengo jogou com dez. O rubro-negro cresceu com a desvantagem numérica, lançou-se todo para a frente. Eram dez fanáticos dispostos a vencer ou perecer. O Flamengo teve ontem um dos grandes momentos de sua história.

Mas, dizia eu no começo que a nossa humildade pára aqui. Passamos toda a jornada com um passarinho em cada ombro e as duras e feias sandálias nos pés. Mas o Fluminense é o campeão. Erguendo-me das cinzas da humildade, anuncio: — “Vamos tratar do bi”."

(Nelson Rodrigues, O Globo, 16/06/1969)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O imenso 1 a 0

"Essa é a história de uma mãe e seus dois filhos – e começa numa das mais tristes noites da história do Fluminense Football Club. O tricolor das Laranjeiras já foi muitas coisas – já foi timinho, já foi leiteria, já foi sobrenatural. Mas naquela noite colorida de 2 para 3 de julho de 2008, quando baixou a névoa de pó-de-arroz sobre o Maracanã, parecia que o Fluminense tinha perdido a chance de ser maior.

Nossa história começa logo após o fim daquela partida – na qual o Fluminense venceu a LDU por 3 a 1. O resultado levou a decisão da Taça Libertadores para os pênaltis. Neste breve e infinito intervalo – entre jogo e penais – é que encontramos dois torcedores nas cadeiras especiais – uma mãe e um de seus filhos. A tensão é praticamente palpável. A mãe olha para o filho, o pequeno Caio, sete anos, e transforma angustia em otimismo:

- Meu filho, agora somos campeões! Nos pênaltis, a gente é time grande, vamos ganhar! – grita.

O Fluminense perde o primeiro pênalti… depois o segundo. Conca e Thiago Neves. A mãe olha para o filho…

- Mas você disse que a gente ia ganhar, mãe…

As lágrimas brotam nos olhos – mas o choro fica preso na garganta. Não sai. Engasga. Washington perde o pênalti decisivo. Nas palavras da mãe:

- O estádio fica em silêncio, os olhos de meu filho cheios, meu coração destruído.

A LDU ainda comemora no gramado quando mãe e filho sobem a escadaria das especiais para chegar aos elevadores. O choro materno não desce. De repente, um outro jovem torcedor – com olhos cheios – começa a cantar o hino do clube.

- … fascina pela sua disciplina, o Fluminense me domina…

É cortado por uma outra voz, revoltada:

- Perdemos, seu idiota. Tá cantando por que?

O cantor ignora e continua cantando. A mãe percebe que seu filho também canta , baixinho. Aos poucos, o hino cresce – ganha corpo – toma o saguão inteiro – como um réquiem de Mozart para aquela finada campanha. Mãe, filho e milhares outros cantam em coro.

- … eu tenho amor ao tricolor! Salve o querido pavilhão… das três cores que traduzem tradição…

A canção na derrota é o depoimento supremo de amor pelo time – o perdão diante do insucesso, a afirmação que torcemos por aquelas cores de qualquer jeito – e que toda circunstância é secundária. Mãe e filho deixaram o Maracanã tristes, mas de alguma forma mais tricolores, mais profundamente tricolores.

Debaixo da angustia materna, o subtexto. Caio tem um irmão gêmeo, Marco. Se Caio torce pelo time da mãe, o Flu; Marco torce pelo time do pai, o Fla. São gêmeos não-idênticos, apenas muito parecidos. Ali no Maracanã, com a névoa branca baixando, a mãe surdamente temia… temia perder Caio. Temia ver Caio escapar na direção de outras cores.

Ano e meio depois, no fim de 2009, Fla e Flu estavam em pontos opostos da tabela do Brasileirao. O Fla precisava de uma vitória no Maracanã para ser campeão. O Flu precisava de um empate contra o Coritiba para escapar do rebaixamento.

Na casa de Caio e Marco havia duas TVs ligadas. Uma acompanhava Flamengo x Grêmio. A outra estava ligada em Fluminense x Coritiba. O primeiro jogo acabou antes – com o Fla campeão – e Marco veio gritar, celebrar, cantar seu título na sala com mãe e irmão. Encontrou silêncio e angústia. Faltavam dez minutos para o Flu se livrar do rebaixamento.

Marco silenciou também – e calado acompanhou o alívio tricolor. A última noite futebolística de 2009 terminou feliz na casa dos gêmeos. Quão irônico, o destino – capaz de tirar o futebol do Fla de dentro do Flu em 1912… para quase cem anos depois produzir dois irmãos tão próximos – um tricolor e um rubro-negro, debaixo do mesmo teto, felizes de modo distinto. Que roteiro Nelson Rodrigues, que dizia que Fla e Flu eram os Irmãos Karamazov do futebol brasileiro, não escreveria?

E então chegamos a dezembro de 2010 – quando o Fluminense encontra de novo sua história. Nós, que nada sabemos, deveríamos vez por outra presumir. Presumir que o primeiro titulo de um estádio chamado João Havelange seria tricolor. Presumir que este titulo viria pelo placar eternamente tricolor – o 1 a 0, o gigantesco, inesquecível 1 a 0 – o 1 a 0 jogando mal, o 1 a 0 furando a bola, o 1 a 0 feio, abjeto, lindo.

Quem diria, um ano antes, que o Flu suando e desesperado diante do Coritiba, resistindo a toneladas de tensão, estaria ali, a um passo da vitória – a um passo de um título? Um passo – um chute – um gol.

Movido a mala, o frágil Guarani parecia uma muralha verde, com duzentas pernas e sangue frio. Melhor campanha, melhor time, adversário desfalcado e rebaixado – nenhuma informação seria capaz de tranqüilizar o torcedor que passou a semana suando em três cores. Não, não havia facilidade capaz de remover a sina tricolor. As grandes vitórias do Fluminense são sempre mínimas, irrisórias.

E quis o destino, com suas mãos seletivas, que o gol viesse num lance em que a mala jogou contra o Guarani. Lembremos. O gol começa num chutão pra frente de um zagueiro do time campineiro. O único atacante do Bugre, Reinaldo, disputa no alto e perde para Leandro Eusébio. Enquanto a bola viaja, Apodi, o lateral velocista, dispara com vontade inaudita, esperando um raspar de bola, uma sobra. Não. Ela fica com o Fluminense. E cai com Carlinhos na esquerda, nas costas do despencado Apodi. O zagueiro Aislan sai na cobertura – e também com afobada dedicação, se joga aos pés do lateral. Carlinhos, esperto, evita o combate e cruza. No primeiro pau, Washington com apenas um marcador (o alto Aislan estava fora da área), raspa… e Emerson escreve história.

Emerson, do Fla para o Flu, o único bicampeão desses anos cariocas de Brasileirão. Emerson, o Sheik, que passou o campeonato enfrentando contusões. Emerson, com nome de pensador americano e sorriso de malandro carioca, chuta – a bola passa entre as pernas de… Emerson, o semi-anônimo goleiro do Bugre. E o 1 a 0 tricolor está pronto.

É um 1 a 0 Muricy, um 1 a 0 Conca – um 1 a 0 tricolor de cima a baixo, cabo a rabo. Um 1 a 0 que tira as metáforas rodrigueanas da cartola – a vocação da eternidade, os 40 minutos antes do nada. O Fluminense chutou o quase pro fundo da rede – e de modo extremamente tricolor. Como em 1984 – foi 1 a 0. Como em 2007, foi 1 a 0. Como em 1983, foi 1 a 0. O um a zero maior – como não percebemos antes? Ora direis… houve o 3 a 2, o 2 a 1 – sim – mas nada é tão fluminense como o 1 a 0. Um, zero – quase um código binariamente tricolor – o placar minimalista por excelência.

Na arquibancada do Engenhão, com o gol, a mãe de Caio chora de novo. Chora dois anos depois da Libertadores, um ano depois da arrancada anti-queda – um choro amplo, que não termina. Chora e abraça o filho. E continua a chorar. Os minutos restantes são proverbiais, o Guarani não ameaça, a tensão vai se diluindo. Quando o jogo acaba, mãe e filho começam a descer as rampas do Engenhão. Não é o hino que eles cantam – é Radio Pirata, ou quase.

- ÔÔÔÔÔÔÔ… vamos pra cima Flusão…

As bandeiras se misturam – 40 mil pessoas, uma voz apenas. O Fluminense é campeão brasileiro.

- …Quero gritar campeão… Vamos lutar… por mais essa taça…

A mãe olha para o filho cantando… se lembra da frase de dois anos antes.

- Mãe, você disse que a gente ia ganhar, mãe….

Ao lado de Caio está Marco, rubro-negro, vestindo a camisa do Fluminense, torcendo pelo Fluminense – com a bandeira do Fluminense. Quis ir ao jogo com o irmão. A torcedora-mãe olha para os gêmeos bicampeões – como Fla e Flu – e se lembra do choro anterior. Ela enxuga as lágrimas do presente – que nublam na retina as imagens que a memória há de guardar. Um filho gira a camisa e canta, o outro empunha sua bandeira casual. O futebol, que tanto nos dribla e derruba, às vezes traz instantes eternos como esse. Silenciosamente, ela torce por uma tardia conversão de Marco – mas isso importa menos. O que importa é estar ali – cantando. Cantando. E cantando."

(Gustavo Poli)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Do grená, nosso amor

Há mais de um século nosso amor se faz presente
Antes mesmo de nascermos ele já nos esperava.
Nossa fé em cada vitória, nossas glórias na memória
Faz tanto tempo que essa história é contada.

Ele está nas minhas rimas, nos meus sonhos
No meu desejo mais profundo de lutar por um ideal.
Ele move e gira um mundo, vai além de todos e tudo
Ultrapassa nossos sonho e se torna real.

Não um clube apenas, não uma bola, uma arena
Quem tem esse amor sabe que vai muito além...
São os gritos, a revolta, o apoio
A certeza de que ele pode contar com alguém.

É esse alguém que somos, e somos por ele.
A certeza de que estaremos sempre juntos,
Na alegria ou nas dores.
Amor: Uma palavra, duas sílabas,
Quatro letras e três cores.

(Mariana Stofel)

Postado no blog: http://marianastofel.blogspot.com

sábado, 12 de junho de 2010

O Fluminense pelo mundo 9

Mais dois torcedores do Flu pelo mundo:

- Na ocasião do jogo contra o Universidad de Chile pela Sul-americana, o Globo Esporte fez uma matéria sobre um chileno torcedor do Fluminense. A paixão de Eduardo Garcia começou quando o Flu fez uma excursão ao Chile na década de 50.

Destaque para uma descoberta que ele fez: "Sou apaixonado pelo futebol, um historiador, e descobri que quando o Chile enfrentou o Brasil em 1929, pelo Campeonato Sul-Americano, usou uma camiseta do Fluminense".

(Todas as informações são do globo esporte. Clique aqui para ler a matéria.)


- Em mais uma reportagem do Globo Esporte descobrimos um torcedor tricolor da Tanzânia. O tanzaniano Benny começou a torcer para o Flu vendo a conquista da Copa do Brasil de 2007.

(Para ler a matéria, clique aqui.)

sábado, 8 de maio de 2010

Meu Fluminense

Meu amor, que já está verde
Sofre calado por você
Sofre quando você perde
Sonha esperançosamente em lhe ver crescer

Meu coração que é vermelho de sangue
Chora por cada momento de alegria
Mas se exangue
Por não ver esses momentos todo dia

Minha paixão é branca e serena
Leva em conta somente seus fatores positivos
Lembra de você e eu e cada cena
Sem nem precisar de motivos

Meu amor, minha paixão, meu coração
Pulsam por você, meu Fluminense
Você comove e faz-se amar por mais que uma nação
Mesmo não sendo sempre que você vence
Te amo, meu Fluminense!

(Daniela Strieder)

Blog: http://poemasdstrieder.blogspot.com/2010/04/meu-fluminense.html

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Recordar é viver: Para sempre, Castilho

Rio de Janeiro, 2 de fevereiro de 2010.

Caro Castilho, estas linhas se dirigem àquele atleta que é, por si só, um símbolo do Fluminense Football Club. Há o distintivo, o pavilhão, a camisa, as três cores... e há você. Pelas fileiras tricolores já passaram centenas, milhares de atletas. Alguns gênios do esporte, tais quais Marcos de Mendonça, Welfare, Preguinho, Romeu, Batatais, Pinheiro, Didi, Telê e tantos outros. Mas nenhum deles defendeu tantas vezes o nosso Pavilhão quanto você.

Em quase 700 oportunidades, lá estava você, a guarnecer os arcos do Fluminense. E como o fazia bem: em mais de 250 oportunidades, sua meta não foi vazada, um recorde até hoje intacto. Os invejosos babavam: "é sorte! é sorte! Castilho é muito sortudo!". Mas nós sabemos que a sorte só acompanha aqueles que trabalham para merecê-la. E você é o maior exemplo disso, com aquela dedicação inabalável aos treinamentos. Nunca, em todos os tempos, houve goleiro que treinasse mais do que você. Antes de todos os seus companheiros chegarem ao campo, você já estava debaixo do gol, pulando para lá e para cá. Eles chegavam, treinavam, iam embora, e você ainda estava debaixo das traves, aperfeiçoando sua técnica.

Seu primeiro título pelo Fluminense teve sua fundamental participação. Na final do Torneio Municipal de 1948, estavam o Fluminense e o Vasco. Castilho, você tem a noção de que aquele foi o melhor time da história do Vasco? Veja essa linha de ataque: Djalma, Maneca, Friaça, Ademir e Chico. Naquele 30 de junho, em General Severiano, você parou essa artilharia pesada. O Fluminense venceu o Expresso da Vitória por 1 a 0, gol do Orlando, e sagrou-se campeão.

Em 1951, você liderava aquele time de garotos. Ninguém acreditava no dito Timinho, mas o Fluminense foi o campeão carioca, nas finais contra o Bangu, já em janeiro de 1952. Meses depois, os melhores times do mundo vieram ao Maracanã, e foram todos derrotados por vocês, o Sporting Lisboa, o Áustria Viena, o Corinthians, o Peñarol recheado dos uruguaios de 50. A Copa Rio é nossa maior conquista, e você era o goleiro. Castilho, Píndaro e Pinheiro, a Santíssima Trindade tricolor. O trio mais famoso da história do futebol brasileiro. Vocês eram a bastilha inexpugnável, como dizia o Nelson Rodrigues.

Ainda houve outras conquistas suas pelo Fluminense, os Cariocas de 1959 e 1964, o Rio-São Paulo de 1960. Além disso, você representava o Tricolor naquelas memoráveis Seleções, em 50, 54, 58 e 62. Nas duas últimas, você era o suplente. Porém, quando perguntado sobre o segredo de se manter em boa forma, o titular Gilmar dizia: "Castilho é meu reserva. Não posso respirar!". Acredite, Castilho: por trás de cada intervenção de Gilmar, havia as suas mãos. Você é tão responsável pelo bicampeonato quanto ele.

Hoje, nossas enciclopédias e nossos livros dizem que Carlos José Castilho faleceu em 2 de fevereiro de 1987. Mas Castilho vive. Em cada coração tricolor, existe um pedacinho de Castilho. E toda vez que o Fluminense entra em campo, ali está você, atrás da nossa meta, a orientar nosso goleiro. Assim será para sempre.

(Postado por Paulo Cezar Filho no site Pavilhão Tricolor)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O primeiro grande herói

"Mas o Brasil tinha, sim, um herói sem esporas e sem penacho: - o velho Rui. Pequenino e cabeçudo como um anão de Velásquez, o grande baiano era um mito irresistível. Diziam: - "O sujeito mais inteligente do mundo". Sabia todas as línguas, até chinês. Nenhum brasileiro dizia o seu nome sem lhe acrescentar um ponto de exclamação. Lembro-me de uma vizinha, gorda como uma viúva machadiana, entrando na minha casa. Vinha da cidade e repetia, desvairada: - "Eu vi o Rui Barbosa! eu vi o Rui Barbosa!" E porque o vira, de passagem, por um momento fulminante, ela teve que se abanar e tomar água com açúcar. Eis o que eu queria dizer: - o meu herói podia ter sido o Rui e foi Marcos de Mendonça.

Hoje, eu o vejo, de vez em quando. Passa na multidão em violento destaque. Ele sobressai, obrigatoriamente alto, que é, como o "Dedo de Deus". Foi o meu herói de calções e chuteiras. Enquanto a guerra povoava a Europa dos mortos em flor, Marcos de Mendonça enchia a minha infância".

(Nelson Rodrigues)

Marcos Carneiro de Mendonça


"Houve uma história muito emocionante para mim. Na final da Copa de 1950, a família estava toda lá presente acompanhando a partida nas cadeiras. No fim do jogo foi aquele silêncio horroroso, inesquecível, uma coisa angustiante depois do 2 a 1 do Uruguai. Quando saíamos do Maracanã, um senhor parou repentinamente diante do meu pai e disse que se ele estivesse lá, o Brasil não perderia. Depois de 30 anos, o cara ainda se lembrava de como ele agarrava." (Bárbara Heliodora, filha de Marcos Carneiro de Mendonça)

Anulação do Torneio Initium de 1927

" Em 1927, o Fluminense venceu o Torneio Initium de futebol da AMEA. Dias depois da realização do certame, o Fluminense verificou ter infringido involuntariamente o regulamento do torneio. Espontaneamente, com grande surpresa dos outros clubes, que ignoravam o fato, enviou um ofício à AMEA. A entidade dirigente, em face da comunicação do tricolor, anulou o Torneio Initium.

“Exmo. Sr. Presidente da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos.

Apresso-me a fazer a V. Excia. ciente de que, por ocasião da segunda partida disputada pelo Fluminense Football Club no recente Torneio Initium, foram incluídos, por inadivertência, em nosso quadro dois substitutos, o que contraria a letra do art. 11 do regulamento especial do citado torneio.

Pondo V. Excia ao corrente dessa irregularidade, cumpre-me revelar que o faço com ânimo de facilitar a ficalização das respectivas súmulas.

Reitero a V. Excia. os protestos de minha alta estima e distinta consideração. (a). Benjamim de Oliveira Filho, secretário”.

(Trecho retirado do livro "História do Fluminense" de Paulo Coelho Netto)

Nelson Rodrigues

"O que importa é isso. O Fluminense tem o melhor time do Brasil. Assim digo eu, e assim diria Vitor Hugo, se vivo fosse, e tivesse ido ao Maracanã". (Nelson Rodrigues)

"Certa vez, invoquei o videotape para comprovar um gol irregular do Fluminense. Ele me jogou pela cara a sentença desconcertante: O videotape é burro! (Armando Nogueira sobre Nelson Rodrigues)

"Então, a mitologia do Tricolor é uma mitologia muito mais rica, muito mais fascinante, muito mais interessante do que a de qualquer outro clube brasileiro, por obra e graça de Nelson Rodrigues". (Sérgio Sá Leitão, ator e torcedor)